Os Corporate Venture Capitals (CVCs) têm se consolidado como uma das principais estratégias de investimento no cenário global, contribuindo para o sucesso de empresas como Zoom, Dropbox e ZongMu. Embora os CVCs compartilhem semelhanças com fundos de investimento tradicionais, eles possuem uma dinâmica única, focada em investimentos com menor interferência direta no dia a dia das startups.
Quem abordará esse tema é Vitória Rezende, estudante de Administração na Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Desde o início da graduação, Vitória tem se dedicado à área de finanças, participando de diversos programas relacionados ao setor. Há um ano e meio, iniciou um estágio na área financeira e, ao mesmo tempo, foi Diretora de Parcerias na Liga de Mercado Financeiro da UFU, onde atuou por um ano. Além disso, concluiu cursos em finanças corporativas pela FGV e em IFRS, expandindo seus conhecimentos e habilidades no campo financeiro.
Confira o artigo da Vitória Rezende no “De financeiro para financeiro”. Boa leitura!
A tendência do Venture Capital
Desde a pandemia, os Corporate Venture Capitals (CVCs) têm ganhado destaque internacionalmente pelos seus grandes cases de sucesso, como ZongMu, Zoom e Dropbox. Assim como os fundos de investimento, também são usados para alavancar empresas. No entanto, diferente do que muitos pensam, os CVCs têm suas próprias características, com uma dinâmica distinta dos fundos de investimento tradicionais.
Enquanto os fundos de investimento tradicionais são compostos por investidores que procuram acompanhar a empresa com uma visão mais próxima, os CVCs tendem a cumprir o papel de investidores com um olhar “mais distante”. Ou seja, os fundos, por terem uma operação enxuta, preferem não acompanhar as startups com reuniões e análises frequentes, optando pelo investimento financeiro em vez de suporte e insights para as startups.
De acordo com o Global Corporate Venturing (GCV), cerca de 44% dos CVCs criados no Brasil possuem uma entidade jurídica independente, que opera de forma reduzida e com maior autonomia, e 71% desses operam com menos de 10 pessoas no time. Esse time é responsável pela gestão da verba disponível e pelas oportunidades de inovação interna.
O Distrito, plataforma que acompanha as startups brasileiras, divulgou que os CVCs cresceram muito no Brasil, especialmente após a pandemia, quando houve um salto de 419% de 2020 a 2021 (US$ 1,3 bilhão investido em 2021).
Com as agitações globais de 2022, como a transição para o fim da pandemia, a guerra entre Rússia e Ucrânia e o aumento das tensões entre China e Taiwan, os investidores recuaram, resultando em uma queda de 47% nos investimentos naquele ano.
Porém, mesmo com essa queda, 10,9% dos aportes no Brasil foram feitos por CVCs, somando US$ 73,6 milhões durante o ano de 2022. Em 2023, a porcentagem chegou a 12,3%, com o registro, ao final do ano, de quase US$ 10 bilhões em aportes totais desde o início da expansão dos CVCs no Brasil, em 2016.
Como esperado, existem públicos para qualquer segmento de investimento, desde as startups com ideias mais tradicionais até as mais inovadoras e criativas. Sendo assim, os CVCs carregam sua própria personalidade, baseada na inovação. Além de serem fundos muito jovens (sete em cada dez têm menos de quatro anos de existência, segundo o GCV), eles procuram empresas criativas, que modernizam ideias.
Hoje, conhecemos empresas maduras que começaram como startups e receberam aportes de CVCs. Um exemplo é a Uber, que recebeu um aporte de US$ 250 milhões em 2013 e atualmente já possui seu Initial Public Offering (IPO), aberto em 2019.
A Uber, assim como outras empresas como GitLab, Gusto, Snyk e Blockchain.com, receberam investimentos do maior CVC do mundo: a Google Ventures, que gerencia mais de US$ 10 bilhões em ativos.
Um possível ponto negativo, que pode não agradar a todos, é a falta do Smart Money em grande parte dos CVCs. Ou seja, os CVCs não auxiliam suas startups investidas tão de perto, o que pode ser insuficiente no que diz respeito a expertise, apoio em tração e orientação estratégica, para algumas startups que buscam mais do que apenas ajuda financeira para crescerem.
Cada fundo possui uma visão sobre a inovação e um apetite a risco diferente, por isso é importante pesquisar previamente sobre os diferentes fundos de investimento e as preferências de cada investidor. Um CVC com uma visão bem clara sobre o modelo de negócio no qual quer investir é o WE Partners, criado pela Microsoff. O CVC recebeu dinheiro de gigantes da tecnologia, como Multilaser, Positivo e Microsoft, e possui uma linha de investimento muito específica: investe apenas em startups com, no mínimo, uma mulher na gestão e com pelo menos 20% de presença feminina na equipe.
Confira alguns fundos de CVCs que estão abertos para investir nas mais variadas ideias e startups e que valem a pena conhecer:
- Eurofarma: Neuron Ventures e Eurofarma Ventures
- BASF: BASF Venture Capital (BVC)
- Embraer: Embraer Ventures
- Gerdau: Gerdau Next Ventures
- Sinqia: Torq
- Bradesco: Inovabra Ventures (2bCapital)
- Banco BV: BVx
- TOTVS: CVC iDEXO
- Suzano: Suzano Ventures
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Fontes:
SALLES, Daniel. A nova ordem da inovação; A nova onda do Corporate Venture Capital. Época Negócios, 198, 32-41.
https://epocanegocios.globo.com/Empresa/noticia/2022/05/esta-e-uma-hora-extraordinaria-para-comecar-diz-ceo-da-google-ventures.html